“Venera a memória dos heróis beneméritos”
Pitágoras
Hoje em dia, ser “herói” virou uma coisa banal! Vemos inclusive, alguns a se atribuirem esse estatuto, imortalizando as suas pessoas com nomes de ruas ou avenidas! É só uma questão de querer! Mas existem aqueles que sacrificaram as suas vidas, para que Moçambique fosse hoje uma nação soberana e que tivesse as bases para se relançar ao desenvolvimento!
Vivi por longos periodos, na Avenida Tomás Nduda! Porque nunca tinha ouvido falar nesse nome, achei que se tratasse de um nacionalista pouco conhecido da África lusófona (lá mais para o norte) ou de outro sítio qualquer! Surpresa minha foi ver uma reportagem da TVM no início deste ano, destacando a vida e mostrando a família (esposa e filhos) deste que afinal, foi um grande herói da nossa luta de libertação nacional! Olhando para aquela avenida da capital que limita a parte Este do maior hospital do país, toda ela repleta de moradias de luxo e observando as condições deploráveis em que vive a família daquele a quem foi dedicada esta artéria, fere o coração e a auto-estima do mais insensível dos seres humanos.
Outrossim, lá para o início ou meados da década de noventa, a RM-Rádio Moçambique, num daqueles programas concorridos e radiodifundidos as altas horas nos fins de semana e cujo o nome agora não me vem à memória (“Cena Aberta”? ou outro), fora entrevistado um dos poucos (nove) sobreviventes do acidente de Mbuzini. Aquele programa particular foi bastante emocionante por se tratar (pelo menos para mim) do primeiro relato de alguém que viveu “in loco” os episódios daquela fatídica noite. O homem, de cujo o nome já não me lembro, sofreu queimaduras múltiplas e de elevado grau porque, conforme referiu, depois da queda do avião, ele se viu praticamente inerte ao lado do motor (em brasa), porque tinha as pernas fracturadas e estava incapaz de se locomover por si próprio, não podendo assim se afastar daquela fornalha. Acabou tendo as duas pernas amputadas e nessa altura da entrevista, ainda estava a fazer tratamentos diários às queimaduras que tinha sofrido. Uma das suas lamentações, imagine-se, se prendia com o facto de não ter uma viatura particular que facilitasse as suas idas ao hospital (se a memória não me falha, ele tinha um peso considerável). Estava cansado de solicitar esse meio ao Governo, a quem estava a servir, na altura em que ficou definitivamente votado àquela condição.
Normalmente, quando falamos de Mbuzini, o nome que nos vem à tona, é o do nosso saudoso primeiro presidente Samora Machel. Esquecemo-nos, no entanto, que mais de 30 elementos da sua comitiva governamental também pereceram e hoje ninguém sequer se lembra dos seus nomes e sabe o que é feito das suas famílias! Não é exagerado lembrar que a própria família Machel, ficou por largos períodos “esquecida”, votada ao ostracismo e banida da circulação! Nos sucessivos aniversários dessa tragédia, e este último não foi excepção, têm sido várias as lamentações das famílias dos malogrados e verdadeiros heróis, pelo estado completo de abandono a que o Estado os votou. Não dizemos que se deveria atribuir um milhão de USD a cada uma delas, mas assegurar que os seus filhos tenham uma renda aceitável que os permita viver decentemente, acesso a educação (incluindo a "superior" para que tenham uma profissão e não fiquem eternamente dependentes dessas magras pensões) e condições mínimas de habitação, não seria pedir muito!
Poderiamos continuar a citar mais exemplos de destratamento a que se encontram votados os verdadeiros heróis desta pátria e suas familias, mas a questão que coloco é a seguinte:
“Se estes senhores não ligam sequer às familias daqueles camaradas que conheceram, com quem trabalharam e inclusive sacrificaram as suas vidas pelo progresso desta pátria, que garantias podemos ter que irão velar pelo cidadão anónimo lá em Nametil, Kambulatsitsi ou Massangena”?
Às famílias daqueles que perderam a vida em serviço patriótico e que merecem melhor tratamento em respeito à honra e memória dos seus entes queridos, o "Desenvolver Moçambique" manifesta a sua solidariedade e apela à quem de direito a analisar esta situação penosa e a tomar medidas atinentes à mudança deste cenário de coisas!
Pitágoras
Hoje em dia, ser “herói” virou uma coisa banal! Vemos inclusive, alguns a se atribuirem esse estatuto, imortalizando as suas pessoas com nomes de ruas ou avenidas! É só uma questão de querer! Mas existem aqueles que sacrificaram as suas vidas, para que Moçambique fosse hoje uma nação soberana e que tivesse as bases para se relançar ao desenvolvimento!
Vivi por longos periodos, na Avenida Tomás Nduda! Porque nunca tinha ouvido falar nesse nome, achei que se tratasse de um nacionalista pouco conhecido da África lusófona (lá mais para o norte) ou de outro sítio qualquer! Surpresa minha foi ver uma reportagem da TVM no início deste ano, destacando a vida e mostrando a família (esposa e filhos) deste que afinal, foi um grande herói da nossa luta de libertação nacional! Olhando para aquela avenida da capital que limita a parte Este do maior hospital do país, toda ela repleta de moradias de luxo e observando as condições deploráveis em que vive a família daquele a quem foi dedicada esta artéria, fere o coração e a auto-estima do mais insensível dos seres humanos.
Outrossim, lá para o início ou meados da década de noventa, a RM-Rádio Moçambique, num daqueles programas concorridos e radiodifundidos as altas horas nos fins de semana e cujo o nome agora não me vem à memória (“Cena Aberta”? ou outro), fora entrevistado um dos poucos (nove) sobreviventes do acidente de Mbuzini. Aquele programa particular foi bastante emocionante por se tratar (pelo menos para mim) do primeiro relato de alguém que viveu “in loco” os episódios daquela fatídica noite. O homem, de cujo o nome já não me lembro, sofreu queimaduras múltiplas e de elevado grau porque, conforme referiu, depois da queda do avião, ele se viu praticamente inerte ao lado do motor (em brasa), porque tinha as pernas fracturadas e estava incapaz de se locomover por si próprio, não podendo assim se afastar daquela fornalha. Acabou tendo as duas pernas amputadas e nessa altura da entrevista, ainda estava a fazer tratamentos diários às queimaduras que tinha sofrido. Uma das suas lamentações, imagine-se, se prendia com o facto de não ter uma viatura particular que facilitasse as suas idas ao hospital (se a memória não me falha, ele tinha um peso considerável). Estava cansado de solicitar esse meio ao Governo, a quem estava a servir, na altura em que ficou definitivamente votado àquela condição.
Normalmente, quando falamos de Mbuzini, o nome que nos vem à tona, é o do nosso saudoso primeiro presidente Samora Machel. Esquecemo-nos, no entanto, que mais de 30 elementos da sua comitiva governamental também pereceram e hoje ninguém sequer se lembra dos seus nomes e sabe o que é feito das suas famílias! Não é exagerado lembrar que a própria família Machel, ficou por largos períodos “esquecida”, votada ao ostracismo e banida da circulação! Nos sucessivos aniversários dessa tragédia, e este último não foi excepção, têm sido várias as lamentações das famílias dos malogrados e verdadeiros heróis, pelo estado completo de abandono a que o Estado os votou. Não dizemos que se deveria atribuir um milhão de USD a cada uma delas, mas assegurar que os seus filhos tenham uma renda aceitável que os permita viver decentemente, acesso a educação (incluindo a "superior" para que tenham uma profissão e não fiquem eternamente dependentes dessas magras pensões) e condições mínimas de habitação, não seria pedir muito!
Poderiamos continuar a citar mais exemplos de destratamento a que se encontram votados os verdadeiros heróis desta pátria e suas familias, mas a questão que coloco é a seguinte:
“Se estes senhores não ligam sequer às familias daqueles camaradas que conheceram, com quem trabalharam e inclusive sacrificaram as suas vidas pelo progresso desta pátria, que garantias podemos ter que irão velar pelo cidadão anónimo lá em Nametil, Kambulatsitsi ou Massangena”?
Às famílias daqueles que perderam a vida em serviço patriótico e que merecem melhor tratamento em respeito à honra e memória dos seus entes queridos, o "Desenvolver Moçambique" manifesta a sua solidariedade e apela à quem de direito a analisar esta situação penosa e a tomar medidas atinentes à mudança deste cenário de coisas!
4 comentários:
Jonathan, muito, muito pertinente este artigo. Também ja me questionei inumeras vezes de termos nomes de herois, muitas vezes desconhecidos, ao invés de termos herois que o povo conhece e cujos feitos sao também conhecidos.
Tive como vizinho um sobrevivente de Mbuzini, ja falecido e o tipo de vida que levava, antes e depois, era um total descalabro. No nosso país as pessoas só sao consideradas quando têm mãos e pés. Quando perdem estes em nome da patria, perdem tudo, incluindo a dignidade
Obrigado pelo comentario, Ximbitane!
Realmente, esta gente e suas familias tem sido muito destratadas. Isso e' uma vergonha! E' bom preservarmos o nosso patrimonio historico, mas de que adianta nos preocuparmos com objectos, quando nao sabems honrar as pessoas ou a memoria daqueles que construiram esse patrimonio e o tornaram importante para nacao?
Boa "festa das bruxas"!
E quando se diz que é para resgatar os seus valores é uma pura mentira. O que se faz é apenas uma propaganda para eles próprios.
Because the admin of this website is working,
no question very shortly it will be renowned, due to its quality contents.
my web site - natural cellulite treatment
Postar um comentário