28 abril 2009

Macuácua “Prova” o Uso de “Moçambique para Todos”!!

Tive que ler o título da notícia publicada pelo Jornal “O País”, pela segunda vez consecutiva porque, logo à primeira, tive a impressão que Macuácua havia “provado” que “Moçambique era para Todos” ou seja, que as políticas ora em curso e implementadas pela Frelimo serviam a todos os Moçambicanos!! Essa, decididamente, teria que ser uma tarefa muito complicada para o “nosso” porta-voz!!

De facto, a questão se resumia ao “uso” dessa “expressão” que despoletou primeiro, um debate aceso aqui na blogsfera e agora se vê transladado a vários Jornais publicados neste país!!

Mas, vamos lá por partes e procuremos perceber o que se está a discutir por aqui!!

O MDM, aquando da sua Assembleia Constituinte, tomou a decisão de adoptar a expressão “Moçambique para Todos” como o seu “Slogan”!! O que se nota é que, na sua reunião “grande” imediatamente a seguir, o presidente da Frelimo aparece a usar, de forma inflacionária, esta mesma expressão!! A reacção do MDM não se fez esperar, como não se faria esperar o palavreado do Macuácua, se Deviz Simango, na sua reunião da “Comissão Política” havida recentemente em Maputo aparecesse com “Força da Mudança” para aqui e “Força da Mudança” para alí!

A “justificação” que nos é trazida por este partido é que esta “expressão” fez parte de vários dos seus discursos, mormente os ocorridos no ano de 2005! É que, se estamos a falar de “Português” e não de uma língua morta como o “Latim”, naturalmente que esta expressão fará parte da linguagem quotidiana de vários extractos da sociedade, independentemente se se trate de políticos ou não! Quem é que pode refutar que as nossas mamanas lá nos “Chungamoios” e “Dumba-nengues” que se espalham por este país a fora, não usam esta “expressão” quando lamentam da condição de seus maridos e filhos que, apesar do seu excelente trabalho, dedicação e competência, não são promovidos ou acabam mesmo expulsos, apenas porque não se identificam com o partido no poder!! Não lamentarão elas que este “Moçambique deve(ria) ser para Todos”??

“Expressão” por “expressão”, existe um blog muito concorrido e que data de 2004, (portanto antes dos discursos “prova” apresentados), e que ostenta exactamente esse nome (Moçambique para Todos)! Fernando Gil, o seu autor, pronunciou-se imediatamente à adopção desse “Slogan” pelo MDM e, nas suas palavras, ele não se opunha e, nem iria proceder a qualquer acção legal, visto que não tinha registado a marca!

Portanto, o que está aqui em discussão, como quer fazer crer a “prova” de Macuácua, não é a utilização desta expressão, entanto que conjunto de palavras que fazem parte da língua Portuguesa!! É a sua adopção como o “Slogan” de uma formação partidária!!

E isso, ninguém pode negar que, no contexto político Moçambicano, foi ideia única e exclusiva do MDM!

Agora, se a Frelimo acha que, após a decisão do MDM e, “all of a sudden”, é altura de capitalizar o uso desta mesma “expressão”, ela deve estar ciente que não está a passar outra ideia senão, a da “usurpação” de ideias alheias!!

Ninguém anda por aí com “Força da Mudança” para aqui e “Força da Mudança” para acolá, porque se sabe que esse é o “Slogan” do partido do batuque e da maçaroca!! Nos mesmos termos, teria havido uma enorme gritaria deste partido!

O argumento que a Frelimo, na voz do seu porta-voz, deve fazer é nos mostrar por A mais B que as suas políticas e a sua atitude governativa têm de facto, respeitado este preceito da inclusão e se traduzido na igualdade de oportunidades a todos os filhos desta terra, coisa que o MDM se propõe a fazer!!

Se acham que “negar” a iniciativa e proposta política do MDM é meramente açambarcar-lhe o “Slogan”, então a Frelimo está a assinar, pelo seu próprio punho, que o país que tem dirigido há mais de 3 décadas, tem sido na sua íntegra, apenas para “Alguns Moçambicanos” (Pedro Nacuo recentemente indicou, de forma clarividente, quem são esses “poucos Mocambicanos”)!!

P.S – Parabéns ao Ministério da Justiça, pela “Legalização” do Movimento Democrático de Moçambique!! Assim, o Macuácua vai ter que arranjar outra palavra para substituir o seu caricato “ilegal”!!

5 comentários:

Júlio Mutisse disse...

Jonathan, estás mesmo a discutir o uso dessa expressão? Para mim, o que mais importa não que se use isso como slogan or whatever é que as pessoas, ao dizê-lo sintam de que é que estão a falar; tenham convicção de que este país é de todos nós...

Se eu fundar o POPONONOMOMOÇ amanhã, vou usar nos meus discursos, MOÇAMBIQUE PARA TODOS porque quero e acredito nisso. Haverá algum mal nisso? Estamos a discutir o supérfuluo, temos que ver a concretização dos discuros que falam em inclusão, seja do MDM seja da FRELIMO...

Jonathan McCharty disse...

Amigo Mutisse!
O nosso "erudito" porta-voz e' capaz de nao concordar contigo, a avaliar pelo tempo que tem dispendido a discutir este assunto!
Quando altos dirigentes politicos aparecem em canais publicos a dizer com todas as letras e, de boca cheia, que "alguem que nao seja membro da Frelimo, nao pode ser director de uma escola", achas mesmo, honestamente, que as politicas em vigor neste pais, sao desenhadas e implementadas para beneficiar todos os Mocambicanos??

Esta expressao tem muita e se calhar, a essencia da condicao e dos destinos politicos desta nacao!!

Reflectindo disse...

Jonathan deixaste tudo claro:

“O argumento que a Frelimo, na voz do seu porta-voz, deve fazer é nos mostrar por A mais B que as suas políticas e a sua atitude governativa têm de facto, respeitado este preceito da inclusão e se traduzido na igualdade de oportunidades a todos os filhos desta terra, coisa que o MDM se propõe a fazer!!”

Se Guebuza nomeasse por exemplo Benjamim Pequenino, Ismael Mussá ou Eduardo Namburete para director nacional de qualquer coisa por aí só um louco estaria a discutir com ele. Se o governo de Guebuza deixasse que um director de uma escolinha pública, ou de um posto de saúde não fosse necessariamente um membro da Frelimo, ninguém o confrontaria. Edson Macuácua perdeu a oportunidade de ficar calado.

Amigo Mutisse, desculpa-me mas parece-me que leste este post do Jonathan com pressa ou com preconceito. Isso que dizes o Jonathan escreveu. Não vais me dizer que o uso do termo foi sem propósitos políticos. É para confundir o eleitorado. Se isto fosse ao contrário o barulho seria intenso. Recordo-te aqui que foi a Verónica Macamo que nas últimas eleições autárquicas falou de partidos da oposição plagiar o manifesto eleitoral da Frelimo, infelizmente sem apontar qual partido e qual era o problema. Nas eleições autárquica de 2003, Manuel Tomé, por simples confusão dele, acusou o grupo de observadores do Carter Center, em Mocuba, de fazer campanha para a Renamo. E sabes qual era o problema? Bonés do grupo que de longe pareciam os da Renamo.

Garanto-te que nem que este termo “Moçambique para todos” não fosse um slogan escolhido pelo MDM, se Armando Emílio Guebuza o usasse, eu punha-lhe à prova. Quer dizer, eu levantaria a mesma discussão, pois isto já levantei em diversos fóruns desde que ele ascendeu ao poder. O governo de Armando Guebuza é EXCLUDENTE que falar de “Moçambique para todos” é mesmo que chamar aos moçambicanos de burros, cegos, medrosos, acríticos. A mensagem “informal” que Guebuza deu aos seus “súbditos” foi de excluir a posto de chefia a quem não é membro da Frelimo. Não estariamos a reviver o tempo que passou? Não é a violação do manifesto da Frelimo de Mondlane e Simango?

Para mais uma vez recordar, numa das reuniões de quadros da Frelimo realizada na Cidade da Beira (não me recordo quando, mas talvez antes das segundas eleições gerais e presidenciais, houve os que exigiam exclusão a quem fosse da oposição, porém, Joaquim Chissano disse-lhes de frente que isso não se fazia num sistema democrático que a democracia tinha o seu preço e um deles era a tolerância e a inclusão.

Não há dúvidas que há de bom no uso do termo por Armando Guebuza, pelo menos como Presidente da República. Podemos interpretar que ele disse aos moçambicanos que o MDM está no BOM CAMINHO. Porém, é necessário que o MDM não deixe que os seus slogans sejam deturpados, pois o eleitorado há-de ver este termo como apenas MAIS uma mentira dos políticos. Armando Guebuza mais do que ninguém em Moçambique tem a possibilidade de mostrar na prática, mesmo hoje, que Moçambique é de todos. Faça isso mesmo, e o MDM pode sentir-se que está a realizar parte do seu dever – contribuir para o bem de todos os Moçambicanos.

Na minha conversa com Daviz Simango fiquei a saber que ele tem um excelente plano e compromisso com “Moçambique para todos”. Não é combater à Frelimo como alguns por aí o acusa e acusam ao MDM. É mesmo de despartidarizar o Estado e torná-lo um espaço comum para quem quer seja. Nem é para mdmistas empowerment. Tenha-se a paciência.

Nota: Por exemplo, Manuel Tomé disse publicamente que sem ser membro da Frelimo não se pode ser director.

Jonathan McCharty disse...

Reflectindo,

Quando respondi ao Mutisse estava exactamente a falar de Manuel Tome' que, penso que em plenas camaras da TVM, falou aquelas bujardas, em clara violacao a Constituicao da Republica! E ninguem o intimou ou fez qualquer coisa!

Tens razao quando dizes que "Não há dúvidas que há de bom no uso do termo por Armando Guebuza, pelo menos como Presidente da República. Podemos interpretar que ele disse aos moçambicanos que o MDM está no BOM CAMINHO".

De facto, a Frelimo correu a chamar a si esta "expressao", porque ela sabe que esta "expoe ao fresco" as suas politicas excludentes! Este partido nao esta' a fazer outra coisa senao procurar que mensagem faca eco no eleitorado, que conhece estes factos no seu quotidiano! A Frelimo esta' a procurar identificar-se com algo que ela sabe que nao faz parte da sua cultura politica!!

Júlio Mutisse disse...

Meus caros, para mim o fundamental é que comecemos a cobrar de quem diz "Moçambique para Todos" acções que concretizem esse desiderato; acções inclusivas. Não podemos ficar apenas na politiquice de quem disse, de quem é o slogan etc.

Se quisesse ir por ai poderia aranjar alguns exemplos do uso desse termo em discursos da Frelimo mas, isso não importa (ou não devia importar); o que me interessa é quem o afirme o aplique e, nós temos responsabilidade de cobrar que assim seja.

Este é o meu ponto Reflectindo. Acho que o JM me entendeu... na verdade nem espero que o Edson concorde comigo nisto; espero é que todos façamos valer a ideia de que Mozie é de todos nós.