25 março 2009

Média Moçambicanos "Under Cross Fire" – Será isto Prenúncio das Fundações de Argila em Que se Assenta a Plataforma de Debate na Nossa Esfera Pública??


Esta semana está a ser particularmente rica em eventos insólitos envolvendo os “média” em várias partes do país!

Por várias ocasiões e, de forma cada vez mais sonora, se ouvia com insistência a reivindicação da Renamo concernente a “devolução de símbolos” por aqueles que haviam abandonado o partido! A verdadeira imagem do que efectivamente se tratava, ficou a saber-se a partir das “escaramuças” ocorridas na sede daquela formação partidária, algures no bairro da Munhava, na cidade da Beira!

Aquilo que poderia ser considerado como uma forma ordeira e organizada, dos agora membros do MDM, de satisfazer e resolver definitivamente as demandas do seu anterior partido, acabou sendo interpretado por este, como uma “provocação”! Não vamos, de forma alguma referir que os membros da Renamo em Sofala sejam loucos ou irracionais! É recomendável entender este insólito evento antes como um problema de “mindset”! Se se diz que “em política a única lógica é a própria ausência de lógica”, então este episódio é um retrato fidedigno desta asserção! E na lógica do Mbararano & Companhia, uma “provocação” que não envolva violência física ou verbal deve ser respondida com a combinação integral desses elementos!! São estes indivíduos que almejam governar este país??

Os Média de vários Órgaos de Informação que estavam alí para testemunhar o acto da entrega dos símbolos, tornaram-se em alvo predilecto do vandalismo dos homens da Renamo e sofreram sevícias de vária ordem, descritas em carta de repúdio dirigida àquela organização política pelo MISA-Moçambique (Sofala). Nesta carta foi ainda referido outro episódio em que um membro da Renamo proferira ameaças ao Director local daquela organização de jornalistas, em pleno escritório de trabalho, por causa de um artigo por este elaborado e publicado no “Magazine Independente”!

O que não se percebe ainda é o protagonismo que Edson Macuácua está a querer tirar desses eventos, oferecendo de forma voluntariosa a sua própria versão dos factos!! Sabemos que na “indústria de propaganda” e, conforme uma vez descreveu o seu patrono-mor, Joseph Goebels, “se tu disseres uma mentira grossa e a fores repetindo insistentemente, as pessoas poderão eventualmente nela acreditar”, mas aqui está claro e conforme atesta o retrato do MISA, o MDM não foi protagonista e nada teve haver com as escaramuças perpretradas pela Renamo.

O favor que Macuácua deveria fazer é nos explicar o que significam as afirmações e ameaças do Governador de Tete à integridade física do jornalista e correspondente local do “Notícias”, Bernardo Carlos!! Idelfonso Muananthatha, um reputado médico que, por conta da sua longa amizade “pessoal” com o Presidente da República, ascendeu ao posto de Governador da província do “carvão mineral e carne de cabrito”, acabou sendo bastante infeliz nas suas afirmações! É inconcebível que tão alto dirigente tenha proferido tais palavras e cometido tamanha asneira! Em países onde os detentores de cargos públicos sentem o peso e a responsabilidade das suas acções, um pedido de desculpas ao visado e à sociedade, seguida da consequente demissão voluntária e expontânea, é o mínimo que se poderia esperar!!

Este caso fez-me lembrar o “imbróglio” do então jornalista-revelação da TVM Francisco Júnior que, ao insistir com uma pergunta (da qual não estava a obter resposta satisfatória) sobre a polémica em volta de Manuel António, no longínquo ano de 1996, deixou visivelmente irritado o então Presidente da República, Joaquim Chissano, a ponto deste chamá-lo de “malcriado”!!

Estes insólitos todos podem ser um prenúncio inequívoco e sintomático das fragilidades que caracterizam a plataforma de diálogo na nossa esfera pública!! Diálogo e debate propriamente ditos, ainda não existem, em parte alguma!!
Porquê, numa situação em que "informação pouco agradável" é veiculada pelos "Média", a atitude imediata das nossas personalidades públicas é avançar para a sua intimidação?? Porquê não confrontar os factos e refutá-los com argumentos contraditórios?? Quando estes não existam, porquê não aceitar o erro e avançar com medidas vigorosas para a sua correcção?? Porquê não começarmos a "discutir Moçambique" de forma aberta, com honestidade e franqueza??

Os detentores de cargos públicos e principais actores políticos nesta Nação acham que estão num “patamar elevado e inacessível”, do qual não têm obrigação alguma de justificar as suas acções ou prestar esclarecimentos sobre as suas decisões!! Aliás, a tentativa de “os obrigar” a fazê-lo, se enquadra naquilo que se pode considerar “desrespeito para com as autoridades”! Da mesma maneira que os políticos e governantes andam equivocados, nós a sociedade civil, temos culpa no cartório, para que estas coisas continuem a acontecer!! A nossa própria percepção de Governo precisa de mudar radicalmente!! Governo não é aquela entidade “paternalista” que deve decidir a seu belo prazer tudo sobre as nossas vidas! Governo é, antes de mais, uma entidade por nós contratada e financiada para gerir e administrar a nossa coisa pública!! O Governo deve e tem a obrigação de nos prestar contas e não nos faz favor algum com isso!! É preciso mudarmos urgentemente a nossa percepção sobre Governo e a interpretação que fazemos da nossa relação de interdependência com ele!!

Para completar o “fogo cruzado” e a semana sofrível nos Média, temos a carta dirigida pelo MISA-Moçambique ao semanário “Zambeze/Canal de Moçambique” por aquilo que descreve como, acusações não fundamentadas à ingerência do partido no poder nos meios da Magistratura Judicial. O respeito pelos Órgaos da Soberania Nacional e uma postura deontológica apropriada dos Média são fortemente recomendados, mas esta “advertência” do MISA é um bocado difícil de digerir! Depois dos zigue-zagues que está a sofrer o “Caso Siba-Siba”, a quase total despronúncia dos arguidos do “Caso Manhenje”, as afirmações bombásticas que indicam que no “Caso Aves de Rapina dos Aeroportos” somas avultadas daquela empresa pública foram transferidas para as contas de um certo partido, os infindaveis casos reportados pelo Tribunal Administrativo envolvendo gente conhecida que não devolve fundos do Tesouro e não é incriminada e, sem menosprezar, o “Caso da Segurança do Estado” em que, a uma velocidade estonteante, esse jornal foi chamado a Tribunal, quando um simples “contraditório” seria suficiente para que a Primeira-Ministra refutasse o artigo bem documentado que punha em causa a sua nacionalidade, baseando-se na legislação em vigorar na altura da ocorrência desses eventos!! Por estas e outras razões, é mesmo muito difícil, a nós pacatos cidadãos, não acreditar que o Ministério Público ande à “rédea-curta” do Executivo!!

Vamos lá fazer de Moçambique, uma nação que aspira aos ideais de Liberdade e Democracia, em que princípios de “transparência” e “accountability” façam parte da nossa esfera pública!! Que o assumir de cargos públicos seja antes de mais, um cometimento de actuação, de acordo com esses padrões e princípios!!

Que Vivam a Liberdade de Imprensa e o Direito à Informação!!

4 comentários:

Júlio Mutisse disse...

Jonathan, sugiro que leias o estatuto dos magistrados judiciais para veres até que ponto,o Zambeze meteu água nos artigos sobre os magistrados. E a meter água assim, a lei tem que ser cumprida e seus autores responsabilizados. Espera mesmo que os órgãos próprios fechem os olhos a isso? É estar a reboque o MP agir em situações dessas?

Lendo o comunicado do MISA concordei com ele na visão de que o Zambeze tentou justificar coisas de hoje com base em ocorrências do passado quando as leis eram distintas das de hoje!

Voltaremos, deste modo, ao debate que estávamos a ter antes...

A imprensa não anda de boa saúde e nem alguns dos nossos dirigentes estão preparados para a agressividade (positiva diga-se) que começa a apoderar-se dos nossos escribas.

Jonathan McCharty disse...

Volto a reiterar o que escrevi na postagem: "que o respeito pelos orgaos de soberania e uma postura deontologica apropriada dos jornalistas, sejam sempre observados"! Esse e' um aspecto em que nao quero meter a colher! No entanto, alguns dos exemplos que mencionei, revelam uma evidente falta de iniciativa do MP em fazer cumprir a lei, quando "interesses supremos" de uma certa franja de individuos, estao em jogo!!

Reflectindo disse...

Prontos, perdi o meu texto, mas espero rebuscar a paciência para eu escrever o comentário de novo

Anônimo disse...

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