06 fevereiro 2009

O que Te Faz Moçambicano?!?

Esta é uma pergunta que aparentemente “simples”, precisa de um exercício extenso de reflexão para que se comece a balbuciar as primeiras palavras de uma resposta coerente!

O leitor já experimentou? Qual foi a resposta que encontrou? Quer partilhar connosco??

Não pretendo definir a “Moçambicanidade” recorrendo a artifícios filosófico-antropológicos (se é que isso existe), porque pouco ou nada sei dessas áreas de saber, mas discutir convosco, esta pergunta “simples” que me “apoquenta”!!

Tal como eu, acredito que a primeira coisa que deve despertar na mente do leitor, quando confrontado com esta questão é recorrer imediatamente, à “circunscrição geográfica” deste pedaço de terra onde vimos o sol pela primeira vez, para iniciar a articulação de uma resposta elaborada! Mas, e depois?? O que mais sobra? Que os seus ancestrais viveram e morreram neste solo e que lhe deixaram o legado cultural que hoje timidamente conhece e domina?? Mas, quantos “povos”, línguas e culturas existem neste território??

Devemos então, definir que a “Moçambicanidade” são esses micro-cosmos culturais independentes??
Com a avalanche de supostos “refugiados” que afluem ao país aos “camiões-cavalo”, fazem casamentos fictícios (alguns se casam de “verdade”) com Moçambicanas só para adquirir a nacionalidade, depois trazem as suas esposas de seus países, geram os seus filhos “Moçambicanos” cá, que diferença terão “estes” (filhos) com os seus filhos, em termos de natureza identitária?? Se acharmos que este filho, seja de um imigrante Nigeriano, Somali ou Maliano, é de facto um “estrangeiro” (não-Moçambicano), que diferença “prática” existe entre o filho de um “Makonde”, de um “Machuabo” e de um “Machangana”?? Não serão estas, entre si, entidades tão distintas quanto seria se comparassemos cada uma delas com uma outra qualquer “não-Moçambicana” atrás mencionada??

O que então, faz de ti Moçambicano??

O facto de ter nascido na única nação que adoptou ter uma “arma convencional” na sua bandeira?? O que te diferencia de um Sul-africano ou de um Malawiano??

Estas são perguntas “sérias” que exigem respostas urgentes de cada um de nós! Não se pode continuar a pensar que somos uma “nação” apenas porque nascemos no mesmo território, veneramos a mesma bandeira e cantamos o mesmo hino! Porque todos os povos as têem, essas são coisas vulgares (espero que não se entre em discussão que as cores, formatos, melodias, etc, sejam diferentes), banais e frágeis, para definir qualquer que seja a nação!

O que estou aqui a tentar defender é que, enquanto possuimos uma riqueza cultural invejável (o que é de louvar), deve haver “algo” que una esses “micro-cosmos” sob um “ideal” e “projecto nacional”, que o diferencie doutros povos!! Essa visão “idealística” deve ser de natureza única, com padrões elevados e que cause não só a cobiça, mas também a admiração doutros povos!!

Isso só é alcançável, se nós “Moçambicanos” nos predispusermos a recusar o “modus-operandi” que nos tem caracterizado durante esta nossa “história recente” e passemos a adoptar “valores” que dignifiquem toda uma nação, que elevem o nosso orgulho próprio, a uni
ão da "familia nacional", ao mesmo tempo que obriguem outros povos a quererem ser como nós!!

Ninguém se pode orgulhar por ser preguiçoso, corrupto, burlão, analfabeto, divisionista e desordeiro!! (you name it)!! Ninguém se pode vangloriar de coisas más e uma “nação” não se pode deixar ao desleixo e cúmulo que sejam esses aspectos a “definí-la” e diferenciá-la de outros povos!!

Não vamos inventar “novas formas de vida” ou “novos modos de estar”! Não precisamos de andar “enrolados em pneus” ou “construir as nossas casas nos topos das árvores”, para reivindicarmos a nossa “diferença” para com outros povos!! Os “valores” a que me refiro, são universais e sobejamente conhecidos por todos os povos!! A diferença está na forma como os adoptamos ou implementamos!! Como olhamos para a Educação, para a Ciência, para a Ordem Pública, atitude para com o Trabalho, Respeito mútuo, Honestidade, Inclus
ão, Diversidade de ideias, cumprimento de Leis e Regulamentos, Justiça, Incentivo a Desempenhos extraordinários, que Horizontes aspiramos, entre outros, são aspectos que devem “definir” esta nossa “Common Enterprise”!! Com algum “pequeno esforço”, os muitos sociólogos e antropólogos que temos, podem ajudar a “desvendar” formas particulares desses “valores” imersas e impregnadas nas culturas dos vários povos que constituem esta nação, e que seriam incluidas no acima referido “Projecto Nacional”!

Esse é um “Projecto Nacional” que eu desafio, a quem quer que seja, que neste momento n
ão existe, nesta nação!! Nós só vivemos............!!

Enquanto parece uma coisa “complicada”, esta autêntica “revolução” à todos os níveis pode ser materializada e tornada realidade em menos de uma geração!! Mas é preciso querermos, é preciso querermos nos auto-superar, é preciso querermos ser não apenas bons, mas cada vez sempre melhores!!
Ninguém fará isso por nós, senão nós próprios!!!

Chega de vivermos “à nossa maneira” (que só lembra anarquia), chega de sermos medíocres, motivo de ostracização e nós próprios nos conformarmos com “posições de desprezo” seja em todo o tipo de “index”, seja na nossa afirmação geopolítica não só no contexto da SADC, mas de África e do mundo em geral!! Não precisamos de ter “petróleo” no sub-solo para andarmos com a caixa toráxica levantada! Basta-nos uma “Educação” exigente, de qualidade, para todos e que não ande à mercê de politiquices cujos interesses ninguém entende, mas de cujos resultados catastróficos já começamos a sentir!!! Este sector é crucial a tudo o que queiramos alcançar como Nação!!!

Se quisermos ser fortes lá fora, temos primeiro que o ser cá em casa, e sem complacências!!
É altura de pensarmos MOÇAMBIQUE, é altura de afirmação da nossa MOÇAMBICANIDADE!!!!

2 comentários:

Bayano Valy disse...

ainda estou a pensar. esta é uma daquelas questões existenciais. a constituição apenas pode nos oferecer um ponto de partida. mas isso é uma definição política, não é verdade? não tem em conta ous aspectos sócio-culturais, entre outros.
ainda vou pensar.
abraços

Jonathan McCharty disse...

Ok Bayano, fico a aguardar pelos teus "pensamentos"! Esta e' de facto uma questao complexa!
Abraco!