Construir uma burguesia nacional é um processo que não acontece da noite
para o dia, mormente quando se trata de um país a sair de um regime
comunista, onde a propriedade privada era estrictamente proibida. Outro factor crucial é a
mentalidade de que está imbuída essa classe que aspira a ser burguesa! No
nosso caso, não é um exagero dizer que a mesma é “predadora” em vez de “criadora”. Superabunda o instinto pelo
lucro fácil, sem esforço nenhum, sem trabalho!! Vai daí que os indivíduos que
se alega deter poderio económico se encontram invariavelmente em círculos do
poder político e o que aventam ser sua riqueza, não passa de migalhas recebidas por
via de “tráfico de influência”, na
sua imparável acção de “vender
a sua própria pátria”!!
Nestes 20 anos do pós-guerra, este grupelho tem se empenhado em pegar
em toda a propriedade Estatal que esteja pronta, saudável e a dar lucro
fácil. Vimos esta acção
quando o anterior PCA do IGEPE apareceu na imprensa a anunciar a intenção
de venda das acções da Moçambique Celular (Mcel). Esta confirmação surgiu
depois do anúncio da pretensão de venda de parte das participações do Estado na
Empresa Moçambicana de Seguros (Emose) e na Petróleos de Moçambique (Petromoc).
E, da boca do ilustre ex-PCA, que
certamente não foi parte das suas ideias, mas instruções dadas pelo seu ex-Senhorio, “Queremos dar a oportunidade aos Moçambicanos
de ganharem dinheiro, participando em empresas que tenham rendimentos. Queremos
criar um empresariado nacional forte e, neste contexto, não basta oferecer a
oportunidade de os Moçambicanos comprarem acções de empresas que não sejam
rentáveis, mas o ideial é que devam participar nas rentáveis”.
O que Hamela disse, é um exemplo vivo do muito que anda errado neste país: A
ideia que, uma certa “casta iluminada”
deve ficar rica!! Mas ela não precisa de trabalhar!! Precisa apenas de açambarcar
os recursos Estatais que não
foram adquiridos com dinheiro de nenhum deles, mas do suor e trabalho de todos
os Moçambicanos!!
No caso da Mcel, a ideia não foi avante, porque os vietnamitas vieram com
um plano perfeito para encaixar os “apetites
predadores” desta malta, sob a forma de uma participação minoritária na “Movitel”!! A ideia que
se vende é que “estes Moçambicanos que devem
ficar ricos, já são na verdade ricos”!! Mas a sua participação de 20% na estrutura accionária
mostra que eles não são tão ricos como se pretendem pintar!! De facto, estes
20% podem ser a sua compensação pelo “tráfico de influência”
que permitiu não só, a abertura para a introdução de uma terceira operadora (quando esse cenário
praticamente não existia), mas a garantia que a “empresa indicada” ganhasse o concurso internacional ora aberto.
Numa altura em que se exige uma acção mais vigorosa do Estado na exploração dos nossos recursos, por forma a aumentar as
receitas que irão ajudar nos planos de desenvolvimento do país
inteiro, “a quadrilha voltou ao ataque”!!
Quando o Estado Moçambicano deveria aumentar a sua participação no Projecto de Carvão de Moatize (e todos os outros) dos
irrisórios 15%, o “plano de assalto”
pretende distribuir essas acções (propriedade de todos os Moçambicanos), por entre a “casta iluminada”!!
A ideia de, dinheiro que deveria entrar directamente para os cofres do
Estado, para ser empregue na construção de estradas, escolas, hospitais, melhorar os salários na função pública, etc, passar a ser transferido para
contas privadas no exterior!! Que o país estará melhor e bem servido se “Guebuza e a sua Entourage” pegarem
neste dinheiro para simplesmente comprar “Jaguares e
Hummers” para os seus filhos!!!
Num mundo em que cada vez mais, todo o pensamento deve levar a etiqueta de “esquerda” ou “direita”, e a lógica
e razão passam a ser substituídas por “ideologia”,
devo dizer que a “privatização de assets do Estado” não é uma acção de todo maléfica!! Mas que fique claro,
e que seja doravante adoptado como “Princípio
Sagrado do Estado Moçambicano”, que nenhuma empresa Estatal ou por Ele
participada, que gere rendimentos e seja lucrativa, deva sob forma ou circunstância
alguma, ser levada à privatização!!
“Que sejam privatizadas a
Mabor, a Boror e toda outra empresa que esteja neste momento a criar bolor”!!
Que estes “ricos que devem ficar
mais ricos” entendam de uma vez por todas que não é roubando recursos do
Povo Moçambicano que irão chegar ao patamar de burgueses que tanto aspiram!! Se
entendem que a “riqueza é o vosso
direito natural”, ide antes de mais trabalhar!! Usem a vossa imaginação, as vossas mãos, a riqueza que dizem
hoje ostentar e criem algo!! Façam alguma coisa e deixem de, sem vergonha na
cara, roubar continuamente ao Povo Moçambicano!!
No caso da “Movitel”, com ou sem tráfico de influência, eu bato as palmas,
porque ao menos criaram algo!!
Se entendem que têm capacidade e recursos para deter acções em projectos de extracção mineira, então criem a vossa empresa,
iniciem a prospecção e
exploração desses recursos!!
Eu serei o primeiro a exigir que o Estado Moçambicano vos conceda uma licença
sem custos e vos ofereça as maiores facilidades e benefícios fiscais!! Criem
algo e deixem de ser meros predadores e delapidadores!!
E, se esta ideia de açambarcar as acções do Estado no Projecto de Carvão de Moatize for adiante, então está no
direito e dever de todo o Moçambicano do Rovuma ao Maputo, se fazer à rua e
exigir a devolução da sua
legítima propriedade!! Qualquer consequência adversa neste processo não será
imputada a mais ninguém, senão a esta “casta
de predadores” que não sabe fazer outra coisa para além de delapidar a riqueza
do Povo Moçambicano!!
Não digam depois que não foram avisados!!
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