De há 2 anos para cá, importantes descobertas de uma vasta gama de
jazigos minerais, incluindo recursos energéticos como o carvão
mineral, o gás natural e a crescente possibilidade de existência de petróleo no
nosso subsolo, tem aumentado consideravelmente os níveis de expectativa
internos, ao mesmo tempo que vai atiçando os apetites vorazes de multinacionais
do sector (veja-se por instantes, a batalha e os balúrdios envolvidos na
aquisição de 8% de acções detidas pela Cove Energy no projecto de exploração de
gás no Rovuma)!!
Recursos energéticos são a fonte que tem alavancado o desenvolvimento em
toda a parte, seja em países desenvolvidos ou aqueles que se encontram nesse
processo! E, os países que detêm esses recursos, devem se dar por
abençoados!! Abençoados, sim, porque tem possibilidades de aumentar a sua riqueza e passam a ser objecto de cobiça de todos os
outros!! Mas para que essa benção se efective, se converta em algo
palpável, é preciso que esse país tenha um plano, saiba definir e implementar as vias
pelas quais alcançará a sua soberania económica pela exploração
desses recursos!! E, essas vias, de forma alguma se podem dissociar do facto
desse país se por a frente e ao volante do processo, de se empenhar na prospecção,
exploração e venda dos seus próprios recursos energéticos!!
Enquanto não podemos executar autonomamente todas estas partes do processo,
o objectivo deve ser o de aumentar progressivamente a nossa participação
nestes projectos, ao mesmo tempo que vamos enrobustecendo o nosso capital
humano, técnico e financeiro, através destes investimentos feitos em parceria com
as muti-nacionais aqui presentes. Numa fase inicial, esse capital (humano, técnico e financeiro) deve ir
encorpando os Organismos e as empresas estatais (ou participadas pelo Estado)
do ramo, como a E.N.H, a Empresa Moçambicana de Exploração Mineira (EMEM), o Instituto do Petróleo, Ministério dos
Recursos Minerais, entre outros, servindo assim como núcleos embriónicos,
a partir dos quais, se formarão outras empresas moçambicanas de capital privado
(ou também participadas pelo Estado), que irão atacar a exploração dos
nossos recursos a toda a escala, por nossas ideias, nossos equipamentos, nossos
investimentos!!
Mas, se por outro lado, a nossa “estratégia” se limitar a apenas cobrar 3%
de impostos (ou seja, nos contentamos em reter 3 partes de um universo de 100,
“porque a África do Sul também cobra essa percentagem”) calculados de uma produção que
não controlamos, nem na fonte, nem nos meios de transporte, nem nos portos de
saída, com o agravante que os preços de venda “são declarados pela
concessionária” e nos limitamos só a carimbar os papéis, então o país estará a colocar-se voluntariamente numa rota de desastre. E no fim, para tornar o quadro da nossa miséria mais negro, serão descontadas todas as despesas supérfluas
que a concessionária declarar ter incorrido no âmbito das suas actividades!!
E, falando em “despesas supérfluas”, é uma multi-nacional usando dos perdiems que
paga aos nossos jornalistas, divulgar com destaque na nossa imprensa, que gasta
mais de 200,000 USD por dia só em questões de segurança da sua
plataforma exploratória, “por causa da ameaça dos piratas”!! Os patriotas dos
nossos jornalistas, por entre os duplos de whisky e os arrotos a postas de
bagre, tiveram ocasião de verificar quantos barcos estavam ali para a missão de
segurança? Quantos homens estavam destacados para essa tarefa? Pediram para ver
os contratos assinados com essas supostas empresas de segurança?? Aferiram se é isso que se paga em situaçoes similares?? É que já
tivemos vários episódios de homens embarcando ou desembarcando no Aeroporto de
Nampula na posse de armas potentes, que se veio a saber mais tarde, se
destinavam a essa missão de segurança na bacia do Rovuma. Nesses casos todos, nunca
se falou de exércitos inteiros, mas invariavelmente de 2 ou 3 indivíduos,
ex-marines ou mercenários de proveniência qualquer.
Ao lançar “de forma desinteressada”, o comunicado salientando as suas
“despesas de segurança” e cativando no imaginário colectivo Moçambicano a
imagem de uma multi-nacional endinheirada, que até se dá ao luxo de gastar
200,000 USD/dia só em segurança, a verdade é que essa quantia,
fictícia que seja, será paga pelo Povo Moçambicano!! Essa quantia vai ser deduzida dos míseros 3% que achamos
suficiente cobrar a estas empresas pelos biliões de dólares que estão e irão certamente fazer,
pela exploração dos nossos recursos!! E, nessa altura, estes "comunicados de imprensa" serão parte fundamental da "prova irrefutável" que estas despesas de facto ocorreram!!
Se se perguntar ao Joãozinho (que é um medíocre e paradoxalmente famoso aluno),
“Com quanto fica Moçambique”?? A resposta do rapaz será um sonoro: “Nada”!!
A manter-se este cenário, podem passar-se centenas ou até milhares
de anos, a realizarmos semanalmente seminários sob o tema “Como Obter os Benefícios
da Exploração dos (Nossos) Recursos Minerais”!!
Mas o resultado será este mesmo do Joãozinho: “Nada”!!
3 comentários:
Exta maning goood...
Abordagem muito interessante, mas interessante ainda é saber que em Moçambique existem pessoas com visões amplas e ideias consistentes.
Parabéns.
Mais interessante ***
Quis dizer.
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