Aquando da última alteração curricular na UEM com vista a “Bolonização do Sistema”, vozes
racionais da sociedade vieram a terreiro expor os seus pontos contra aquela
desastrosa medida! Quem devia ouvir, fez “ouvidos
de mercador” na altura, mas o tempo tratou de pôr tudo em pratos
limpos!! Uma dessas vozes “dissonantes”
foi a “Ordem de Engenheiros de
Moçambique”!! Não haja dúvidas que, quando a UEM, depois do “caldo entornado” fez o seu “recuo estratégico”, a imagem desta e
de outras organizações da sociedade civil, que souberam estar do “lado certo da história”, saiu
reforçada!!
Hoje estamos perante um investimento desastroso de “Obras Públicas”, e esta organização que nos parece (ou devia
parecer) parte interessada, ainda não teceu qualquer consideração, ainda não
publicou qualquer estudo por si elaborado, referente ao tráfego actual
existente para a Katembe, suas projecções futuras, as possibilidades reais de
retorno deste investimento e fundamentalmente, vias alternativas que deveriam
ser exploradas, para o bem e sanidade financeira desta Nação! “Vai ver que alguns destes senhores mantêm
a boca fechada, porque esperam alguma migalha de trabalho para as suas empresas
privadas, no decorrer destes projectos que tendem a cair como cogumelos depois de uma chuva” –
diria o Joãozinho!!
Pelas minhas andanças por vários países, tenho notado com frequência
estradas estreitas e velhas, fazendo o contorno total de obstáculos naturais,
como montanhas, lagos, afluentes de rios, etc. Essas estradas, hoje encerradas,
foram substituídas por troços novos, unindo directamente os dois pontos
geográficos por infra-estruturas imponentes como túneis, pontes, etc. Um
aspecto curioso é que, quando esses países avançaram para a construção
daquelas infraestruturas, hoje caducas, não eram países pedintes, não recebiam
ajudas para reforçar os seus orçamentos de Estado. Eram, de facto, países numa
fase muito acelerada do seu desenvolvimento!! Mas entenderam o que era económico-financeiramente
racional para salvaguardar os interesses dos seus Estados!!
“E nós, o que fazemos??
Donde e de quem aprendemos??”
A questão da ponte Maputo – KaTembe, até prova em contrario, é um
investimento desastroso, grave e que vai prejudicar o país, pelas gerações
vindouras!!
Um erro grave que se comete nestas análises, é olhar para o “valor da empreitada” (735 milhões de
dólares), como o “custo da obra”!!
Esse não é o “custo da obra”!! O custo da
obra deriva daquilo que se intitula de “LCC
– Life Cycle Cost”, ou seja, os custos totais que serão incorridos no
decurso da vida útil da infraestrutura!! E aqui é que começa (ou deveria
começar) a discussão!!
1) Qual é a vida útil deste
empreendimento?
Projectos desta envergadura costumam a ser concebidos numa perspectiva de
100 anos! Essa é a teoria, mas a realidade tem sido outra!!
Atendendo que a obra será implantada num ambiente marinho severo, sujeito a um
forte ataque de cloretos e consequente aceleração da corrosão de armaduras do
betão armado, fortes intervenções serão inevitáveis ao cabo de 20, 30, 40 anos!
Pintura de elementos metálicos da estrutura, como cabos, guardas, parapeitos,
etc, terão que decorrer a cada 10 anos no mínimo, até que, depois dos 20 anos,
vários desses elementos começarão a reclamar por total substituição!
Porque a deterioração do betão está associada à penetração de substâncias
químicas como cloretos, sulfatos, alkalis, etc, presentes na água do
mar, hoje em dia utilizam-se materiais pozzolánicos juntamente com o
cimento, para reduzir a porosidade e permeabilidade do betão, mas também
aumentar a sua resistência à compressão, dentre outras vantagens.
Desse rol de pozzolanas, contam-se “fly
ash” (produzido em centrais térmicas movidas a carvão mineral), “blast-furnace slag” (produzido em
siderúrgicas de aço), “sílica fume”
(produzido durante o processamento de silicone). Nenhum destes produtos está
correntemente disponível no nosso mercado, o que significa que, na melhor das
hipóteses, esta ponte será inteiramente construída com “Cimento Portland Normal”, produzido aqui, ou infalivelmente vindo
da China. Deste modo, devemos tomar que, aos 50 anos da sua vida útil, esta
obra teria que sofrer uma “reabilitação
de grande vulto”, para que não colapse nos anos imediatamente a seguir!! Se
a “elaboração do projecto” e a “execução da obra” serão feitos por
entidades estrangeiras, então não haja dúvidas, que a “reabilitação da obra” terá que ser feita por “ECMEP’s de outros países”. Estes custos todos, associados às consultorias para
estas reabilitações, têm que ser inclusos para a definição do “real custo da obra”. Nesses termos, em
quantos biliões de dólares ficamos??
2) Retorno do Investimento
Um argumento que tem sido usado e abusado em conexão a esta obra é “desenvolvimento”. Mas “desenvolvimento” não é um
conceito vão, desligado de qualquer racionalidade e “avaliação económico-financeira”!! Ou seja, se só pela execução da
empreitada, o país precisa de despender 735 milhões, se ao longo da
vida útil da obra, o país recuperar apenas 235 milhões de dólares através
de portagens e outras tarifas, e mesmo que alguns “gatos pingados” atravessem a ponte para ir passar os fins de
semana do outro lado da baía, não estaremos a desenvolver!! Estaremos
a regredir, estaremos a retroceder, porque o país terá incorrido numa
perda directa de 500 milhões de dólares!! E aqui, não estão sequer incluídos os
custos de manutenção e reabilitação como atrás referidos, que evidentemente
devem ser trazidos à equação.
É como um indivíduo que vive na cabana e
decide comprar um Mercedes-Benz. Ao longo da vida útil da viatura, o indivíduo será “espremido” pelos elevados custos de manutenção, ao
ponto de, nem dinheiro para pão e salada de alface sobrar!! Ou seja, quando o
Mercedes estiver a ser rebocado para a sucata, o indivíduo terá muita sorte se
ainda estiver na cabana. É que, nestas coisas de DUAT’s há prazos a
serem cumpridos para efectuar a construção, sob o risco de lhe ser retirado o
terreno!! Agora, se o indivíduo se decide por um “Corolla”, não só
poupará em gastos com combustíveis e manutenção da viatura, enquanto se locomove
mais rapidamente para o trabalho e outros destinos, como também poderá fazer
poupanças, que lhe permitirá subsequentemente a investir noutras
áreas!!
“A analogia aqui com a ponte
Maputo – KaTembe encaixa perfeitamente como uma luva”!!
Antes de falarmos de “desenvolvimento”
devemos olhar para os números!! É preciso acabarmos com esta cultura em que
“o clímax último do sucesso” se
observa quando se corre a anunciar que este ou aquele crédito bancário
(financiamento) foi assegurado!! No caso desta ponte, onde está o
estudo de viabilidade económica?? Qual é o volume de tráfego corrente?? Qual é a sua
previsão de crescimento?? Qual é o período de vida útil da obra?? Que
receitas directas serão amealhadas nesse período??
Esta é a discussão que se precisa neste momento, para se entender a racionalidade
deste projecto!! E, se os números não batem, então há que providenciar explicações
porquê se corre para a execução do mesmo!! Serão comissões similares àquelas
que permitiram a um determinado “Grupo” adquirir participações num banco
“daqui”, aquando da operação financeira de reconversão de Cahora-Bassa??
Fique atento, porque a saga continua!!
3 comentários:
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