Terminados estamos de mais um processo eleitoral, por sinal o 4°, desde que o país decidiu ou foi forçado a abraçar o multipartidarismo!! Um processo eleitoral que teve também a particularidade de arrancar ao país, aquele naquinho de reputação, pequeno que fosse, do “exemplar” percurso democrático que estávamos a trilhar, depois da introdução pós-independência de um sistema que não previa a dignidade e liberdade do indíviduo, e, consequente guerra civil, quando já não nos podíamos entender por palavras!!
Não é exagero dizer que passamos a pertencer ao grupo de nações, tendencialmente em extinção no mundo, mas que ainda povoa várias partes deste nosso continente, em que não há “Princípios” dignos desse nome e a “lei do tudo-vale” serve, desde que permita exercer e manter o poder!!
Passamos a fazer parte integrante desse “clube” em que, nações que se prezam, tudo fazem para não ver os seus nomes nele incluídos!! Frederick Chiluba, filho de um Zairota, em 1996 ganhou as presidenciais Zambianas com 72,50% depois de efectuar emendas constitucionais cirúrgicas para impedir Kaunda, seu principal contestante, a concorrer, alegadamente porque era filho de Malawianos. Sassou Nguesso, em 2002 ganhou as eleições presidenciais no Congo com quase 90% do voto, depois de assegurar que os seus dois principais rivais, Pascal Lissouba e Bernard Kolelas estivessem impedidos de concorrer. Teodoro Obiang, também ganhou folgadamente as eleições presidenciais de 1996 e 2002 na Guiné Equatorial, “depois de permitir que alguns partidos se pudessem organizar” para aqueles pleitos.
Portanto, estas já não são informações “dos outros”!! Passaram a ser nossas também!! Estão agora a reforçar a mediocridade no nosso C.V., por acção exclusiva de um punhado de hipócritas desesperados!!
E, falando em “clubes”, existe aquele da actual Bundesliga, de nome FC Schalke 04, que ganhou 6 campeonatos, quase que de forma consecutiva, entre 1934 e 1942. “Anos doirados”, aqueles!! De lá para cá, nunca mais ganhou!!
Em tempos da “Primária”, era recorrente dizer-se que “não se multiplicam percentagens”!! Sim, “não se multiplicam percentagens” porque depois, fica uma grande confusão!! Quando você fala em “percentagem”, tem que saber sempre, “em relação a quê” é que você apresenta esse valor (relativo)!!! Se o resultado desse exercicio te baralhar a cabeça, ou resultar num “número pequeno”, melhor mesmo é pegar num “número grande” que te agrade (e.g. 75%) e gritá-lo até à rouquidão, para “engrandecer a tua alma”!! Porque, Matemática mesmo, é bastante difícil!! Se não o fosse, Direito não seria um curso ministrado em todas as esquinas deste país!! Só para ajudar um pouco, nesta coisa de percentagens, 75% de 36% é igual a 27%!!
De facto, a “sonoridade” que temos notado ultimamente, não é tanto de “celebração de vitória”!! Não é espanto para ninguém, que essa nunca existiu!! O barulho que ouvimos, é antes manifestação de “incredulidade” por, após as “tintadas” e “dedadas”, que não iniciaram no apuramento dos votos, o país, com a enorme tensão ora instalada, se mantivesse “pacífico” e não víssemos episódios como os que aconteceram recentemente no Quénia, Zimbabwe ou Madagáscar!!
A tal chamada “organização”, viu o seu “marco zero” em eventos como o da exclusão ilegal de uma das melhores magistradas do país, do elenco do Conselho Constitucional; o processo de actualização do recenseamento eleitoral intencionalmente desorganizado e que nem sequer 50% das metas conseguiu atingir; a exclusão planificada e esforçada de contendores temidos; a alteração dos locais de votação para dificultar a vida à população em círculos eleitorais definidos e bem localizados; a troca, desaparecimento e invenção de novos cadernos eleitorais; a recusa de certificação de fiscais dos partidos na oposição às Assembleias de voto; a recusa de aceitar reclamações a outros tantos durante a votação; as fraudes, extensivas nas suas variantes e que, mesmo filmadas, os acéfalos de sempre, que gostam de se apresentar como se vissem pela nuca e que acham que este país deve, no seu percurso histórico, trilhar os carris da sujeira, da mentira e da falsidade, se desdobram em correrias, para escamotear os factos e as verdades!!
O que os “fazedores” do “tudo-vale” devem meter nas suas “cabeças de galinha”, como dizia o saudoso Samora Machel, é que, das suas acções maquiavélicas, o “threshold” de tolerância foi já atingido e largamente excedido!! Os efeitos que a partir daí se geraram, são caracterizados de elevados “coeficientes de resiliência”. Não haja dúvidas que, a sua repetição, nestes moldes ou outros metamorfizados, vá lançar o país para a turbulência e instabilidade!! Não se fala aqui de instituição ou formação específica, mas deste “exército latente” de 70% de indivíduos que não se identifica com a forma como o processo político Moçambicano tem sido executado e que, de forma clara e propositada, tem sido privado das suas opções de escolha. A este, deve ser adicionado, o lote dos nascidos no dia das primeiras eleições de 1994, cuja atitude crítica e habilidade em não se comprometer com quem quer que seja, com o intuíto de benefícios a curto-prazo, tem se visto em Organizações como a do Parlamento Juvenil. A estes, interessa o país e querem vê-lo evoluir assente em “Princípios” e “Bases”, que não sejam confundíveis,
Outra coisa, é,
Noutro prisma, podemos discordar dos “Princípios” pelos quais esta “Nação” deve ser regida!! Mas, não nos peçam para sermos hipócritas!! Nenhum país logrou avançar e desenvolver-se, com tal casta de indivíduos!!
A finalizar, e, do recentemente publicado “Índice de Percepção de Corrupção”, pela Transparência Internacional, é matéria de facto e consenso que, os países cimeiros nesta avaliação, reflectem “estabilidade política, normas de conflitos de interesse histórica e largamente estabelecidas e, instituições públicas sólidas e funcionais”!!!
Não precisamos correr para a Nova Zelândia, Dinamarca, Singapura ou Suécia!! Temos aqui, há um par de milhas, exemplos de grande consistência
É isso que queremos para o nosso Moçambique!! E, digam-nos que estamos errados…………..!!!
Post Scriptum
Sedentos de legitimidade,
Que não está na sua estrutura óssea,
Os hipócritas acorrem,
Solícitos a esta postagem,
E,
A devoram e bebem aos sorvos,
Loucamente até à náusea,
Mas nem o título lhes dá tranquilidade!