19 setembro 2009

Perfil dos Candidatos Presidenciais: Alma Mater, Idade e Visão de País!!

Em meio à controvérsia gerada pela CNE que, pelo nível imprecedente de sujeira, os srs. “ministros das eleições” nem sequer ousam poisar o rabo em bancos onde tenham que responder a perguntas sobre as suas acções ilegais, urge-nos não parar o país, enquanto se aguarda pelo veredicto do Conselho Constitucional, e prosseguir com o debate sobre aspectos cruciais que marcam ou definirão esta Nação, nos próximos tempos!!

Se bem que estamos numa “República Monárquica” convenientemente camuflada, onde acima de 95,90% do poder real (executivo, legislativo, judicial) se encontra concentrado nas mãos do Presidente da República (se não concorda comigo, faça uma leitura cuidada à Constituição da República), não é menos verdade que um escrutínio minucioso seja imperioso, para avaliar os filhos desta pátria que pretendam ter o dedo próximo do “botão vermelho”!!

Adágios populares surgem pela observação do quotidiano e pela experiência acumulada ao longo dos tempos, daí que o valor intrínsico dos seus ensinamentos, raras vezes seja questionável!! E, porque estamos em período de eleições, convidaria os leitores a olhar para o ditado popular que diz que: “Cada povo tem os líderes que merece”!!

Agora que estamos prestes a escolher, “Quais seriam então, os governantes que os Moçambicanos merecem”??

Exceptuando algumas situações derivadas de “instituições fracas”, como as que a actual CNE nos está a propiciar (com muita antecedência, diga-se), em que líderes são eleitos “fora das urnas”, é normalmente ao povo que cabe a tarefa de escolher os seus dirigentes!!

Isto tudo faz sentido (ditado), porque em cada Nação, o debate prévio à cada eleição presidencial, mostra em grande medida, a preocupação do eleitorado, no que concerne ao “perfil” do líder que pretende ver eleito!!

Qual é o perfil do candidato que o povo Moçambicano pretende ver governar esta Nação??

Tem que ser velho?? Tem que usar óculos?? Tem que ter “partido a caneta” na sua infância?? Tem que ser um indivíduo arrogante e averso a confrontação de ideias?? Tem que ter pouca percepção sobre as matérias que podem energizar, colectivamente, toda uma Nação para os desafios que tem pela frente?? Tem que ser um indivíduo que acha que ser cidadão Moçambicano é sinónimo de ser membro do seu partido??

Enquanto a sociedade civil e órgaos de comunicação social Americanos estavam a fazer a “radiografia completa” dos seus candidatos presidenciais, indo até detalhes da vida privada, sua infância, escolas que frequentaram, as Ivy Leagues por onde passaram, realizações pessoais, devoção ao serviço público, postura e posição perante os desafios principais do país, aqui temos apenas candidatos a correr de um lado para outro e a ler discursos, que não escreveram!!

Já agora, quando é que os nossos Média nos vão informar, “até ao tutano”, sobre estes candidatos??


Outro dia acedi o website da ONU para verificar o “progresso” em termos de “Indice de Desenvolvimento Humano”, esse parâmetro agregado para medir o desenvolvimento das nações!! De facto, a posição desta Pérola do Indico, é desoladora!! É desoladora, na medida em que este meu país, que tanto estimo e pretendo ver sair deste terreno lamacento em que se encontra atolado, sucessivamente não larga e até tem regredido no intervalo das 10 posições mais baixas, num universo de 180 países avaliados!!! Essa é a verdadeira medida dos “grandes progressos” que têm sido alcançados e das “maravilhas” que têm sido realizadas!! Já agora, alguém deveria avisar ao Mc Roger que, no que concerne a desenvolvimento, Moçambique e Guiné-Bissau, se encontram actualmente, no mesmo “saco de mica”!!

Isto tudo, não são motivos para desânimo, mas razões suficientes para “acordarmos” para a realidade e para os desafios que temos pela frente!! Este país não irá a lado algum, se acima de 95,90% dos discursos e realizações dos nossos governantes se confinarem meramente às “conquistas do passado”!!

A independência foi um “passo inicial” para a construção desta Nação. Ela não foi um fim em si!! Ela, por si só, não põe comida no prato de nenhum dos 21 milhões de seus habitantes!! Os desafios de hoje são outros e exigem sobretudo, “intelecto”, uma “visão integrada” das aspirações colectivas de todo um povo, sua “mobilizacao” e “exploração” do enorme potencial adormecido que cada um de nós traz desde o ventre materno!!

Mas isso, meus senhores, não se faz com o blá, blá colorido de sempre que, poucos dias depois das eleições é atirado ao lixo!!


Quando há 5 anos, vimos um candidato surgir com uma linguagem “catapultadora”, ofegando por todos lados o seu intento de “impôr ordem”, “acabar com o deixa andar”, “erradicar a corrupção”, a “pobreza absoluta”, etc, eu que sou céptico, porque respeito os sinais que as minhas capacidades cognitivas há muito me têm dado a entender sobre este pessoal e até onde podem chegar, devo confessar que fui também apanhado por aquela corrente de entusiasmo!! Porque, no fundo, o que nós povo Moçambicano queremos, são líderes e instituições que trabalhem para esta nossa “Common Enterprise”!! Queremos um Estado de Direito, onde a Lei, só a Lei, impere!! Queremos uma Nação onde, independentemente das nossas paixões partidárias, colectivamente trabalhemos para o seu progresso e desenvolvimento!! Uma tal Nação, a todos nós irá libertar!!

E depois, o que tivemos?? Tivemos um candidato, já virado presidente, cujas acções mais vistosas foram, (e diga-se de passagem, pendurado de pára-quedas em projectos montados e iniciados pelo “deixa-andarista”), as operações, contrariando toda uma “cultura de Estado, transparência e regras básicas de conflitos de interesse”, de montar os seus capangas à frente de tudo o que fosse “negócio do Estado”: vimos isso com a reversão da HCB; vimos isso com o Corredor da Beira, suas Terminais Portuárias, Linha de Sena, etc; vimos isso com o Corredor do Norte; vimos isso, perversamente, com o “procurement” para a aquisição de equipamentos eleitorais, só para citar alguns!! Não admira que, o pessoal de círculos à sí chegados já esteja “com os cabelos por aqui”, porque, "pelo menos, o deixa- andarista deixava os outros também comerem”!!

Mas, de tudo isso, o mais confrangedor foi e tem sido o esforço imprecedente, para alienar segmentos numerosos da população, “por não alinharem com o seu partidozeco”, o que tem resultado na massiva partidarização do Estado e, consequentemente, nesta sua gritante desprofissionalização!! “Partidozeco”, porque um “Partidão”, convicto da sua grandeza, poderio e apoio que goza do eleitorado, não precisa de ganhar eleições “na secretaria”!!

Com “políticas de há 40 anos”;
Com “nepotismo, roubalheira e atropelos à lei”, porque “lutamos por essa independência que vocês estão a usufruir” (devemos incluir nos benefícios extra-legais também Dhlakama, os descendentes de Matsangaíssa, os filhos de Uria, etc, porque lutaram…..??);
Com “saudades de aldeias comunais”;
Orgulhosos de “fuzilamentos e campos de reeducação”;

Mark my words: “Não chegaremos lá!!!”

Outrossim, neste esforço colectivo de perceber o seu perfil e visão que pretendem trazer ao "Office", e, quando candidatos presidenciais se recusam, pura e simplesmente, a comparecer perante uma audiência que representa o segmento mais numeroso da sua população, em democracias maduras, como rapidamente e, a avaliar pela atitude descomprometida, desinibida, inquiridora e crítica da sua juventude, Moçambique se está a transformar, essas (in)acções conduzem à penalizações severas!! É que, se você for semi-analfabeto, não tiver ideiais sobre os desafios do país e formas de os solucionar, sem que alguém te passe cábulas com as perguntas (e respostas), você não vai querer passar vexame perante “miúdos” que não tenham as suas mentes amarradas a quem quer que seja a pessoa ou formação!! Essa audiência, teoricamente “frágil” há-de te ser, a olhos vistos, hóstil!! É assim como entendo, “crystal clear”, estes embaraçosos eventos!!

Quando a 08 de Junho apelamos para a necessidade de se “elevar o standard” da actuação dos candidatos, coisa que poderia ser melhorada com a introdução de “Debates Presidenciais”, alertamos para toda uma série de objecções e detractores que iriam surgir pelo caminho para evitar esses progressos!! Hoje já temos “meninos de recados”, pensando que estão numa Nação de acéfalos, pretendendo dizer que “Debates são coisas do Ocidente e que não se coadunam com a nossa realidade”!!

Se assim fosse, eu perguntaria porque é que as árvores frondosas nas nossas vilas, vilarejos e localidades, têm um valor especial para as suas comunidades circundantes?? Porque é que os reis se reuniam ali com os anciãos, antes da tomada de decisões importantes para os seus povos?? Aqueles "kokwanas" se reuniam para ouvir o rei “monologar”, ou para confrontar fervorosamente ideias individuais, para benefício dessas mesmas comunidades??

Porquê agora, este valor intrinsicamente humano e particularmente Africano, passou convenientemente a ser apontado, “propriedade do ocidente”??

À T.I.M, a quem endereço desde já os meus parabéns pela iniciativa e especialmente ao seu grande dinamizador, o jovem Milton Machel, que não se deixe influenciar e não se deixe cooptar por quem quer que seja!! Vai haver tentativas de querer definir regras, de querer ganhar vantagens, de querer estar em posição favorável, como no sorteio fraudulento e ilegal da CNE!! Vai haver individuos querendo comprar as perguntas (e as respostas também, para evitar problemas)!!

O debate presidencial deve ser horizontal, com todos os candidatos submetidos às mesmas regras, beneficiando de iguais oportunidades!!


Que as outras estações de televisão, não se coibam de promover os seus próprios debates!! Que se eleve a fasquia do que tem sido a intervenção dos candidatos perante este eleitorado que os vai eleger!! Que nos deiam a conhecer estes candidatos, na íntegra e na sua plenitude!!

E, perante os enormes desafios desta Na
ção, que exigem, em vez da "alienação", a "mobilização colectiva" dos seus cidadãos, aqui volta a pergunta:

Qual é o perfil do candidato que o povo Moçambicano pretende ver governar esta Nação??

P.S – Vamos lá rogar que o Conselho Constitucional, tal como a CNE, não se embandeire em arco!! Porque, a partir daí, o que vier a acontecer neste país, reside no “campo da imprevisibilidade”!!! A única certeza é que, “não vai ser nada bonito”!!

2 comentários:

Reflectindo disse...

Continuo a defender a necessidade de um debate Televisivo. Há muita coisa que é ocidental e apreciamos, porquê o debate não seria apreciável nem que fosse coisa do Ocidente?

Jonathan McCharty disse...

Alo Reflectindo!

Eu vejo os "Debates Presidenciais" como uma ocasiao propicia, e digamos, ate' gratuita (dados os custos elevados para vender a sua imagem na TV), para os candidatos fazerem passar a sua imagem, revelarem a sua capacidade de lideranca e visao que pretendem trazer a sua governacao!

Agora, se voce nao tiver nada a dizer e saber, de antemao, que nao tem capacidade, voce nao ha-de querer que a sua total farsa, acabe sendo exposta!!

Ai, voce sera' o primeiro a dizer acefalicamente, que "debates sao coisas do ocidente"!! E, neste contexto especifico de eleicoes, o que seria uma coisa "Africana"??

Um abraco e bom fim de semana!