16 setembro 2008

Empresários “Três Pedras” e a Companhia Vale do Rio Doce em Moçambique!

"The critical ingredient is getting off your butt and doing something. It's as simple as that. A lot of people have ideas, but there are few who decide to do something about them now. Not tomorrow. Not next week. But today. The true entrepreneur is a doer, not a dreamer."
Nolan Bushnell, founder of Atari and Chuck E. Cheese's

Todos os dias vemos e ouvimos falar de milhares de “novas” empresas sendo constituidas nos vários ramos de actividade nesta “Pérola do Índico”. O que não se ouve depois, é o que essas empresas estão exactamente a fazer e, de que modo têm estado a contribuir para esta economia ainda extremamente carente de produtos e de produção. Essa é a triste realidade do nosso Empresariado!
Para quem lê publicações como o “Africa Intelligence” , não custa ver que a maioria destes ditos empresários, não passa de indivíduos bem conectados nos meandros políticos e subsequentemente, detentores de “informação previlegiada”! A correria que se nota na abertura dessas empresas não tem sido essencialmente para fazer algo em prol do desenvolvimento desta nação, mas apenas obter lucro fácil ou ocupar posições “favoráveis” para tirar proveito de situações que venham a ocorrer num futuro imediato. Trocando em quinhentas, estes indivíduos limitam-se a apanhar “Três Pedras”, assentam-nas no chão, põem-se à sombra da bananeira e ficam a espera de quem queira aquecer água ou preparar uma refeição. Nessa altura, eles acorrem “solícitos”, indicando que já têm “Três Pedras” preparadas e assentes no chão, e que bastará ao “parceiro”, apenas trazer a panela de barro, a água e os ingredientes para a refeição! E, como recomendação de última hora, “que não se esqueça também da lenha”! Estes são os famosos “Empresários Três Pedras”, de que Moçambique se encontra neste momento completamente infestado!

Estes indivíduos nunca fizeram nada na vida, não sabem fazer e, o que considero grave, não estão interessados em aprender e começar efectivamente a produzir! Ninguém, mas absolutamente ninguém, fará uma “parceria” com um agricultor que tudo o que tem para oferecer é a área concessionada, ou com um pescador cuja contribuição será apenas a sua “licença” de exploração da actividade! Enquanto não começarmos a produzir, a ter efectivamente algo realizado, não faz sentido algum, aquela carrada de “Empresários Três Pedras” que normalmente acompanham as visitas presidenciais! Isso, meus senhores, é um autêntico disperdício de recursos! Mesmo quando essas parcerias são efectivadas, assistimos à detenção de porções minúsculas do capital investido e posições enfraquecidas e insignificantes dos nossos “homens de negócios”! Mesmo com isso, parece que ficam contentes e sentem em si a materialização do “black-empowerment”! É preciso começarmos a criar a mentalidade de que nós é que devemos assumir as posições de liderança nos empreendimentos que forem a ocorrer no nosso território. E isso não se faz a correr com “Três Pedras” de um lado para o outro!

O futuro é uma coisa incerta, mas há vezes em que a “natureza” e os “fenómenos” do dia-a-dia, nos lançam um sinal de “alerta” para mudarmos de atitude! Nessas ocasiões, é preciso estar-se atento para perceber esses eventos e tirar as ilações necessárias para que à posteriori se tomem as medidas apropriadas!
Tivemos recentemente um furor autêntico por causa do projecto PROCANA! Não haja dúvidas que houve com “antecedência” vários “Três Pedras”, indo assentar a sua “maquinaria” nas redondezas de Massingir! Infelizmente, quis a “natureza” (leia-se “negligência”) que tivessemos aquela barragem seriamente danificada pelo acidente aqui reportado. Agora, o que farão esses nossos “empresários”?? Vão pegar nas suas “pedras” e correr a assentá-las nas redondozas de Chicamba? Ou irão para Sussundenga?? É que, se você não exerce actividade alguma, é possível que esse seja o cenário mais provável a seguir! “Correr de um lado para o outro”!

Em relação à Companhia Vale do Rio Doce, sabemos que esta poderosa empresa ganhou uma concessão de exploração de 2,4 biliões de toneladas de carvão mineral em Moatize, no remoto ano de 2004. Dois anos depois, submeteu ao Governo Moçambicano, os respectivos estudos de viabilidade técnica e financeira! Porém, até aqui, esta empresa pouco ou nada tem avançado em termos de progresso “real” no terreno! Alguma imprensa tem referido que há discussões “carnívoras” em relação as tarifas a pagar pela utilização da “via natural” (Linha de Sena) para o escoamento desse produto desde Moatize até ao Porto da Beira.
No entanto, é preciso um olhar incisivo para perceber o que efectivamente está a acontecer aqui:
Esta empresa, para não variar, teve vários “Três Pedras” a tomar posições estratégicas, por forma a tirar proveito particular e exacerbado desse mega-projecto que estaria para ser executado. “Pegaram” na linha de escoamento, pegaram nas instalações ferro-portuárias, pegaram nas Terminais de Carga, etc, cientes de que não “haveria como”, que o processo teria que decorrer pela via onde já tinham assentado as suas “pedras”. Mau agrado, o estudo de viabilidade da CVRD indicava o Porto de Nacala e um eventual novo troço ferroviário ligando Moatize a esse local, como uma alternativa mais “cost-effective” que a linha de Sena (Suponho que Ministério dos Recursos Minerais já tenha comprovado a plausibidade desse estudo)! Isso, naturalmente que criou (está a criar) sérios problemas “gastro-intestinais” aos nossos empresários “Três Pedras” envolvidos nesse empreendimento! E, como parece que a melhor solução indicada nos “cânones” da sua actividade quando ocorrem “eventualidades”, é correr com as “pedras” para outro local que se afigure seguro, não era de admirar a “operação magnética” que conduziu à imediata “apropriação” do “Corredor de Desenvolvimento do Norte”.
Agora temos a CVRD que, na impossibilidade de prosseguir com a opção que lhe permitiria viabilizar melhor o seu negócio, e com toda a razão, se vê na contingência de negociar “tarifas” mais acessíveis para utilizar (obrigatoriamente) a “via natural” onde os nossos “bradas” já têm assentes as suas “pedras”!

Portanto, vemos aqui, os benefícios sociais de empregos que estariam sendo criados, escolas e hospitais construídos, etc, sendo adiados por causa da ganância, lucro fácil e ambição que não vê a meios nem princípios! E Kwame Nkrumah há 40 anos estava certo quando disse que o empresário africano não estava interessado para, através da sua actividade, contribuir para o desenvolvimento da sua terra! Isso continua a ser actualidade fresca!

A ironia disto tudo é que, olhando para as maiores concessões atribuidas, a produção anual associada da CRVD, Riversdale e CAMEC ultrapassará em mais de 5 vezes, a capacidade de escoamento de 8 milhões de toneladas da “via natural”! Em vez das nossas instituições e os nossos “Três Pedras” mais poderosos, aproveitarem esta oportunidade única para revolucionarem de forma integrada os nossos sistemas de transporte (rodoviário, ferroviário, fluvial e maritimo), principalmente nas regiões centro e norte do país, as pessoas estão apenas preocupadas com os seus umbigos, a olhar para os seus bolsos e a procura de lucro fácil!

Se é para confiarmos o desenvolvimento desta nação a estes “Três Pedras” ineptos e ociosos, então continuaremos a assistir a Engenheiros “verdes”, com evidentes e remotas capacidades de poderem calcular uma viga simplesmente apoiada, e apenas porque têm tentáculos nos corredores políticos, a ganharem concursos de obras que recomendariam experiência comprovada de dezenas de anos de actividade. E, ademais, transpirando depois que afinal nem sequer estavam legalmente constituidos para se habilitarem a participar nesses concursos, “let alone” a lhes serem atribuídos os projectos!

Se é para confiarmos o desenvolvimento desta nação a estes “Três Pedras” ineptos e ociosos, então continuaremos a assistir à “apropriação” exacerbada e desmedida do património público nacional, extravasando todos os limites do admissivel e passaremos a breve trecho, nem sequer a dispôr de um espaço para expôr o que os poucos e empenhados empreendedores têm estado a produzir pelo país a fora.

Este não é um apelo à oposição ou às organizações da sociedade civil! É antes, a todos aqueles que se encontram nos círculos onde estas decisões maquiavélicas são tomadas e implementadas! As “armadilhas” e as “pedras” que têm estado a ser assentadas por esta “Pérola” nos últimos tempos, brevemente não olharão sequer para as caras das suas vítimas! Serão como um “bulldozer” em plena “Operação Murambatsvina”! E todos nós vamos sentir os seus efeitos nefastos! É bom acordarmos enquanto o caldo não está ainda todo entornado!!

É que aqui em Moçambique ouve-se muito a história de indivíduos que querem ficar ricos e recorrem a curandeiros para obter essas benesses! Nestes casos, estes indicam que para que tal aconteça, é necessário sacrificar um membro da família! A ideia inicial dos “aventureiros” é que será apenas uma “vítima”! No entanto, depois apercebem-se que os sacrificios têm que ser feitos de forma contínua e, conta-se, vai um a um dos membros dessas famílias!

A família moçambicana precisa de enriquecer! Esse é um imperativo nacional! Mas que o façamos de forma adequada, trabalhando arduamente, respeitando as leis, as pessoas, o património do Estado e, fundamentalmente, que no meio das nossas ambições pessoais, pensemos também no contributo que devemos dar à nação, aos demais que são parte integrante do nosso “Empresariado de Sucesso”!

John Davison Rockefeller, que revolucionou a indústria petrolífera e que apesar das suas tendências monopolistas, não só orientou sempre a sua actividade profissional para fornecer produtos petrolíferos “baratos” e de “qualidade”, como também se destacou após a sua aposentação, como um dos maiores filántropos que a humanidade alguma vez conheceu! Nós Africanos precisamos aprender do exemplo dessas gentes porque, ao fim do dia, a nossa estadia temporária nesta terra não deve exceder mais do que 100 anos! De que adiantará fazer fortuna, atropelando principios, leis, pessoas e Estados, quando não poderemos levar um tostão sequer ao "partirmos desta para a outra"? Esse dinheiro será apenas esbanjado para os comeretes e beberetes nas subsequentes e intermináveis cerimónias fúnebres e de defunto que inevitavelmente se irão realizar!

7 comentários:

Joaqum Macanguisse disse...

desculpa por expor neste espaço uma situacao nao muito ligado ao assunto em debate.Havendo um jurista a visitar este blog agradeço seus comentarios . Um estudante da UEM ( vindo da provincia de Tete ) acaba de ser expulso da Pousada dos CFM aonde arrendava um quarto apenas por ter permitido que um amigo seu tambem residente la usasse sua sena de refeicoes.A diretora do centro ( pousada ) da um prazo maximo de 48 Horas para esse retirar do quarto.tao aflito este mesmo estudante ja nao vai as aulas ,pois tem estado a procura de nova casa da arendar.a minha questao é seguinte ! nao sendo este conflito resultante de um acto de violencia e nao tendo o mesmo algum atecedente gravoso sera que a lei permiti que alguem seja desalonjado em menos de 48 Horas . como cidadao preucupa-me esta situacao

Jonathan McCharty disse...

Estimado Kimmanel,
Antes de mais, queira aceitar as minhas sinceras desculpas por responder algo tardiamente. Queira tambem aceitar a minha solidariedade para com esse estudante e os votos que a situacao tenha sido resoida a contento das partes.
Existe ca' entre nos, uma cultura de dialogo bastante deficiente. Mesmo quando ocorrem injusticas daquelas graudas, os subditos raramente tem a coragem de chamar as suas chefias a razao. Isso precisa mudar urgentemente, nos varios sectores da nossa sociedade. Antes de partir para solucoes "terciarias", e' fundamental esgotar o dialogo entre as partes directamente envolvidas. O "dialogo" e' uma arma potente de resolucao de diferendos quecostuma a ser invariavelmente subestimada. Se se notar que se esta' a "falar com uma parede", ai entao, e' salutar encontrar meios alternativos para resolver o problema.
Neste caso concreto, o que diz o regulamento do lar? Sera' q dar a sua senha de refeicao a outro colega, e' infraccao passivel de pena de expulsao? A mim, que sou leigo em materias juridicas e nada sei dos regulamentos dessa instituicao, cheira-me, logo a primeira, um tremendo excesso de zelo por parte da directora do lar. Outra coisa que normalmente acontece nesses lares estudantis que tem sempre uma alta demanda de pedidos de alojamento, e' que as chefias se aproveitam de situacoes mesquinhas e irrelevantes para executar expulsoes arbitrarias, afim de dispor de mais vagas para alojar os seus conhecidos. Este pode ser mais um destes casos, e os individuos visados, tem a obrigacao de estarem atentos, sob risco de serem pelizados injustamente!
Mais uma vez, aceite a minha solidariedade e sinceras desculpas pela resposta tardia!

Anônimo disse...

A situacao que o caro leitor apresenta acima so pode estar relacionada com os desmandos da nossa ex-directora dos recursos humanos dos CFM ,Ines Banze .so para vossa informacao esta senhora é muito perigosa ,aqui nos recursos humanos dos CFM ja esteve a nos enfernizar ,e foi despromovida ate a pousada sob proteccao do PCA dos caminhos de ferro Rui Fonseca pois com ele coabitam relacoes extraconjugais

Jonathan McCharty disse...

Entao o Anonimo esta' a referir que a directora da "Pousada dos CFM" e' "amante" do PCA dessa empresa publica? Ja' nao nos bastam os desmandos e abuso de poder cometidos por "familiares" de governantes que, sem qualificacao alguma, sao promovidos a cargos publicos, temos que engolir sapos tambem de suas "amantes"?
O que e' que os "main stream media" tem a dizer sobre isto? A avaliar pela evidente "fabricacao" de noticias a partir do "computador", nao admira que ninguem tenha ido se inteirar do que se passa exactamente nesse Lar Estudantil!

Anônimo disse...

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