Moçambique é, essencialmente, uma “Nação Desportiva”!! Isso está nos nossos calos, isso corre por entre as nossas veias!! Mas, avaliar de forma incisiva o estado a que chegou o desporto Moçambicano é um exercício que não pode estar dissociado de outras realidades tanto políticas, como económicas e sociais que tendem a ser inculcadas neste país e suas gentes!!
Para qualquer observador atento, nas últimas duas décadas, exceptuando projectos de “extracção mineral” que não têm como ser implantados senão nos locais onde esses “recursos minerais” existem, de grosso modo, os grandes investimentos têm sido realizados aqui em Maputo ou em suas regiões satélites!! As províncias do país, onde de facto existe a maioria da população, tem progressivamente sido deixadas a “minguar”, com orçamentos per capita completamente desajustados, sem impulso algum dado à actividade industrial e económica, sabendo-se que “historicamente”, estas é que sempre foram o “garante da riqueza nacional e robustez das reservas estatais”!!
E, a única forma de ver a razão de ser desta “política governamental” é associá-la a uma preocupação (des)concertada em manter uma hegemonia artificial e falsa da região sul em relação às outras!! E, se isto acontece com a “política económica”, o que deve se imaginar da “política desportiva”?? Ao “amputar” a estrutura económica das províncias, sabe-se de antemão que se impede a emergência de “actores locais” que disponham de recursos para investir na indústria e na economia, quanto menos no “desporto”!!
Quem olha para as “modalidades tradicionais” ou “emergentes”, nota que, praticamente, só existe competição aqui no Maputo!! A competição nas províncias está completamente parada, hibernada!! Os clubes não têm recursos para promover essas modalidades que até são menos onerosas que o futebol.
Para assessar “soluções imediatas” para o desporto nacional, penso que devíamos olhar para o que está a acontecer correntemente no “futebol”!! O país estava na eminência de nem sequer ter um “campeonato nacional de futebol” porque os clubes (e aqui não falo apenas dos provinciais) não tinham recursos para aguentar com as despesas (viagens, hotéis, etc) no decorrer da competição anual!! O “ataque cardíaco ao desporto-rei” já estava mesmo a bater a porta e aí teve que se encontrar uma “solução centralizada”, a partir da qual o Organismo Federativo passou a mobilizar recursos externos (à FMF) para suportar parte significativa destas despesas!!
Se olharmos para o basquetebol, voleibol, andebol, atletismo, natação, ciclismo, hóquei, ténis, boxe, canoagem, karate, etc, alguém tem dúvidas que as respectivas “Federações Nacionais” não passam mesmo de “Federações de Maputo”?? Que os respectivos presidentes só se lembram das “províncias” nos momentos de campanhas eleitorais para concorrer ou renovar os seus mandatos???? Que esforço nenhum fazem para reactivar a competição, primeiro a “nível provincial” e depois nos “campeonatos nacionais”, assegurando-se sempre que cada província tenha o seu representante???
O que acontece é que as nossas “selecções nacionais” não passam de aglomerados formados a partir de atletas de três ou cinco clubes, mormente sediados em Maputo, com um e outro indíviduo de um clube provincial, para “colorir a fotografia” e dar-se vazão aos “acólitos do regime” a apregoarem uma hipotética “unidade nacional” que todos sabemos, é só “da boca para fora” e materialmente não existe e nem é implementada por sector algum!!
“Unidade Nacional no Desporto” não há-de ser atingida pelo simples facto de termos jogadores de cada província na selecção, mas quando as nossas selecções nacionais passarem a ser constituídas por talentos natos emergidos da exaustão competitiva, primeiro nos campeonatos provinciais, e depois nos campeonatos nacionais!! A hegemonia desportiva de cada região há-de surgir nesse processo e penso que a unanimidade na composição dos nossos combinados nacionais surgirá de forma natural. Se houver contestação há-de ser eventualmente por não sabermos que super-talento terá que ser deixado de fora, pelo número limitado das vagas a serem preenchidas!!
E, a pergunta que surge é: “Será que temos algum receio que se tome este caminho para o fortalecimento do nosso desporto”???
Esta é a única forma de nos tornarmos competitivos tanto à nível continental como global, porque nós Moçambicanos não temos “malformação congénita” alguma que nos impede de ter sucesso no desporto!! Ao contrário dos “intelectuais orgânicos” que já correram a tentar “externalizar o problema” (os nossos atletas têm falta de rodagem internacional), “o problema do nosso desporto é interno e causado primariamente por esta falta de competição desportiva à escala nacional”!!
Tem sido um esforço de louvar, a continuidade que tem sido observada à nível do “desporto escolar”, mas é preciso termos noção e consciência que, muitos daqueles miúdos nem sequer tencionam ou visionam uma carreira no desporto!! A única forma de captá-los e atraí-los ao desporto só será possível se existirem “estruturas profissionais ao nível local” (clubes) para investir, guiar-lhes o rumo e fazer sobressair a gema desportiva nesses talentos!! A inexistência ou incapacidade dos clubes, como se observa actualmente, é que tem concorrido para a praticamente "morte na praia" das nossas várias promessas juvenis!!
E, algo que não deve ser excluído do actual “cenário desportivo nacional” (em que há 'satisfação plena' mesmo que a competição se circunscreva apenas a Maputo), consciente ou inconscientemente, são os seus “contornos políticos”!! Uma saudável e aguerrida competição desportiva envolve sempre “muita emoção e muita paixão”!! Para povos “forçosamente adormecidos”, esses são condimentos essenciais para o “despertar de um outro tipo de consciência”!! A consciência de que “afinal nós podemos”, “nós conseguimos”, “nós somos fortes”!! O “despertar dessa consciência” é fundamental e costuma ser um veículo galvanizador na “afirmação dos povos”, seja em termos “económicos, políticos ou sociais” e o desporto, sozinho e subtilmente é capaz de recriar isso tudo!!
Por isso, meus compatriotas, a nossa performance nestes Jogos Africanos deve ser, antes de mais, motivo para avaliarmos as “razões estruturais” que entorpecem e concorrem para os nossos fracassos desportivos!!
Conforme disse acima, e até pelo número reduzido de participantes e recursos mais baixos a despender, a fórmula correntemente em uso no futebol deve ser disseminada e implementada noutras modalidades individuais ou colectivas, para se poder reactivar a competição à nível nacional, em termos imediatos!! Mas a solução a médio-longo prazos passa incontestavelmente pelo “levantamento dos travões” que têm sido impostos ao avanço económico das províncias deste país!! É preciso que se deixe as províncias crescer e progredir até onde as suas potencialidades humanas e materiais lhes permite!! Só a prosperidade económica é que vai devolver mais actores locais a investir no desporto (local) e assim se reacender a competição, primeiro à nível provincial e depois na sua magnitude nacional!! Os talentos daí emergidos estarão suficientemente rodados e preparados para nos trazer as medalhas que há muito almejamos!!
O momento é de reflexão e propício para nos propormos a esses ambiciosos desafios de promovermos o progresso económico das várias regiões e povos que encorpam esta Vibrante Nação e com ele não só avançaremos o desporto, mas colectivamente também outros aspectos sociais cruciais ao desenvolvimento, como a educação e a saúde, em verdadeiro espírito de irmandade, harmonia e unidade nacionais!!
Se haverá intenção ou vontade para tal, nós estaremos aqui para retrospectivamente avaliar o caminho que vamos percorrer a partir deste momento em que terminam os X Jogos Africanos!!
A todos os atletas presentes nestes Jogos e que honraram a nossa bandeira com o seu trabalho árduo e abnegação, mesmo em presença à várias limitações logísticas e materiais, vai o nosso apreço e muito obrigado!! Vocês são o nosso Orgulho Nacional!!
Para qualquer observador atento, nas últimas duas décadas, exceptuando projectos de “extracção mineral” que não têm como ser implantados senão nos locais onde esses “recursos minerais” existem, de grosso modo, os grandes investimentos têm sido realizados aqui em Maputo ou em suas regiões satélites!! As províncias do país, onde de facto existe a maioria da população, tem progressivamente sido deixadas a “minguar”, com orçamentos per capita completamente desajustados, sem impulso algum dado à actividade industrial e económica, sabendo-se que “historicamente”, estas é que sempre foram o “garante da riqueza nacional e robustez das reservas estatais”!!
E, a única forma de ver a razão de ser desta “política governamental” é associá-la a uma preocupação (des)concertada em manter uma hegemonia artificial e falsa da região sul em relação às outras!! E, se isto acontece com a “política económica”, o que deve se imaginar da “política desportiva”?? Ao “amputar” a estrutura económica das províncias, sabe-se de antemão que se impede a emergência de “actores locais” que disponham de recursos para investir na indústria e na economia, quanto menos no “desporto”!!
Quem olha para as “modalidades tradicionais” ou “emergentes”, nota que, praticamente, só existe competição aqui no Maputo!! A competição nas províncias está completamente parada, hibernada!! Os clubes não têm recursos para promover essas modalidades que até são menos onerosas que o futebol.
Para assessar “soluções imediatas” para o desporto nacional, penso que devíamos olhar para o que está a acontecer correntemente no “futebol”!! O país estava na eminência de nem sequer ter um “campeonato nacional de futebol” porque os clubes (e aqui não falo apenas dos provinciais) não tinham recursos para aguentar com as despesas (viagens, hotéis, etc) no decorrer da competição anual!! O “ataque cardíaco ao desporto-rei” já estava mesmo a bater a porta e aí teve que se encontrar uma “solução centralizada”, a partir da qual o Organismo Federativo passou a mobilizar recursos externos (à FMF) para suportar parte significativa destas despesas!!
Se olharmos para o basquetebol, voleibol, andebol, atletismo, natação, ciclismo, hóquei, ténis, boxe, canoagem, karate, etc, alguém tem dúvidas que as respectivas “Federações Nacionais” não passam mesmo de “Federações de Maputo”?? Que os respectivos presidentes só se lembram das “províncias” nos momentos de campanhas eleitorais para concorrer ou renovar os seus mandatos???? Que esforço nenhum fazem para reactivar a competição, primeiro a “nível provincial” e depois nos “campeonatos nacionais”, assegurando-se sempre que cada província tenha o seu representante???
O que acontece é que as nossas “selecções nacionais” não passam de aglomerados formados a partir de atletas de três ou cinco clubes, mormente sediados em Maputo, com um e outro indíviduo de um clube provincial, para “colorir a fotografia” e dar-se vazão aos “acólitos do regime” a apregoarem uma hipotética “unidade nacional” que todos sabemos, é só “da boca para fora” e materialmente não existe e nem é implementada por sector algum!!
“Unidade Nacional no Desporto” não há-de ser atingida pelo simples facto de termos jogadores de cada província na selecção, mas quando as nossas selecções nacionais passarem a ser constituídas por talentos natos emergidos da exaustão competitiva, primeiro nos campeonatos provinciais, e depois nos campeonatos nacionais!! A hegemonia desportiva de cada região há-de surgir nesse processo e penso que a unanimidade na composição dos nossos combinados nacionais surgirá de forma natural. Se houver contestação há-de ser eventualmente por não sabermos que super-talento terá que ser deixado de fora, pelo número limitado das vagas a serem preenchidas!!
E, a pergunta que surge é: “Será que temos algum receio que se tome este caminho para o fortalecimento do nosso desporto”???
Esta é a única forma de nos tornarmos competitivos tanto à nível continental como global, porque nós Moçambicanos não temos “malformação congénita” alguma que nos impede de ter sucesso no desporto!! Ao contrário dos “intelectuais orgânicos” que já correram a tentar “externalizar o problema” (os nossos atletas têm falta de rodagem internacional), “o problema do nosso desporto é interno e causado primariamente por esta falta de competição desportiva à escala nacional”!!
Tem sido um esforço de louvar, a continuidade que tem sido observada à nível do “desporto escolar”, mas é preciso termos noção e consciência que, muitos daqueles miúdos nem sequer tencionam ou visionam uma carreira no desporto!! A única forma de captá-los e atraí-los ao desporto só será possível se existirem “estruturas profissionais ao nível local” (clubes) para investir, guiar-lhes o rumo e fazer sobressair a gema desportiva nesses talentos!! A inexistência ou incapacidade dos clubes, como se observa actualmente, é que tem concorrido para a praticamente "morte na praia" das nossas várias promessas juvenis!!
E, algo que não deve ser excluído do actual “cenário desportivo nacional” (em que há 'satisfação plena' mesmo que a competição se circunscreva apenas a Maputo), consciente ou inconscientemente, são os seus “contornos políticos”!! Uma saudável e aguerrida competição desportiva envolve sempre “muita emoção e muita paixão”!! Para povos “forçosamente adormecidos”, esses são condimentos essenciais para o “despertar de um outro tipo de consciência”!! A consciência de que “afinal nós podemos”, “nós conseguimos”, “nós somos fortes”!! O “despertar dessa consciência” é fundamental e costuma ser um veículo galvanizador na “afirmação dos povos”, seja em termos “económicos, políticos ou sociais” e o desporto, sozinho e subtilmente é capaz de recriar isso tudo!!
Por isso, meus compatriotas, a nossa performance nestes Jogos Africanos deve ser, antes de mais, motivo para avaliarmos as “razões estruturais” que entorpecem e concorrem para os nossos fracassos desportivos!!
Conforme disse acima, e até pelo número reduzido de participantes e recursos mais baixos a despender, a fórmula correntemente em uso no futebol deve ser disseminada e implementada noutras modalidades individuais ou colectivas, para se poder reactivar a competição à nível nacional, em termos imediatos!! Mas a solução a médio-longo prazos passa incontestavelmente pelo “levantamento dos travões” que têm sido impostos ao avanço económico das províncias deste país!! É preciso que se deixe as províncias crescer e progredir até onde as suas potencialidades humanas e materiais lhes permite!! Só a prosperidade económica é que vai devolver mais actores locais a investir no desporto (local) e assim se reacender a competição, primeiro à nível provincial e depois na sua magnitude nacional!! Os talentos daí emergidos estarão suficientemente rodados e preparados para nos trazer as medalhas que há muito almejamos!!
O momento é de reflexão e propício para nos propormos a esses ambiciosos desafios de promovermos o progresso económico das várias regiões e povos que encorpam esta Vibrante Nação e com ele não só avançaremos o desporto, mas colectivamente também outros aspectos sociais cruciais ao desenvolvimento, como a educação e a saúde, em verdadeiro espírito de irmandade, harmonia e unidade nacionais!!
Se haverá intenção ou vontade para tal, nós estaremos aqui para retrospectivamente avaliar o caminho que vamos percorrer a partir deste momento em que terminam os X Jogos Africanos!!
A todos os atletas presentes nestes Jogos e que honraram a nossa bandeira com o seu trabalho árduo e abnegação, mesmo em presença à várias limitações logísticas e materiais, vai o nosso apreço e muito obrigado!! Vocês são o nosso Orgulho Nacional!!